quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Amem

Quase um mês de volta e bastante cansado, vida muito diferente de outrora e de antes de outrora também.

Sinto falta apenas do silêncio do Rio de Janeiro, de chegar no meu apartamento, respirar fundo e saber que aquele espaço era exclusivamente meu.

Algumas dificuldades continuam as mesmas, mas vejo nuvens brancas ao longe, temo apenas que para solucionar problemas antigos eu esteja tendendo a retomar velhos hábitos.

Veremos...

No mais feliz por estar de volta, me sentindo extremamente bem recepcionado, apenas com aquela minha velha dificuldade de entender os outros.

Paciência.

Aracaju vista da varanda da minha nova morada é bem mais bonita que de minha antiga, principalmente à noite.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Encontros e desencontros.

Breve de volta a Aracaju.

Sem dúvida o que vou mais vai me fazer volta em um primeiro momento é o fato de morar só, lá eu pelo menos inicialmente volto para as asas de minha mãe.

As pessoas não valorizam o silencio, acho que existe uma associação preconceituosa entre silêncio e solidão.

Gosto de estar sozinho, de entrar em casa ligar meu computador, tomar meu banho e esquentar minha comida sem emitir uma única palavra, ler meus livros, fazer minhas palavras cruzadas, de falar palavras soltas como se estivesse pensando alto, de colocar música alta para tocar sem que ninguém reclame que o som esta atrapalhando a TV.

Acredito que as respostas que muitas vezes procuramos estão no silêncio que as pessoas se furtam de fazer.

Acho que nada representa mais intimidade do que o silêncio, nada melhor do que ter amigos com os quais podemos passar longos períodos calados e ainda assim considerar-los companhias construtivas.

A segunda sem dúvidas são as minhas idas para Aracaju, eu me sentia prestigiado, não me esforço para ter minha presença notada, mas gosto de saber que minha ausência é sentida.

Ninguém questionou minha volta.

O passado é irrecuperável, não pode ser modificado.

Com mais algumas idas e vindas na minha vida ainda acabo escrevendo um samba.

sábado, 6 de novembro de 2010

Réquiem por um sonho.

Nunca é tarde para um novo recomeço? Não sei, queria ser otimista assim.

E quando paradoxalmente dois meses parecem ter se arrastado por dois anos, mas na minha cabeça parece ter sido anteontem?

E 700 dias? E 10500 dias? Ando brigando com os meus cabelos brancos...

Dizem que excesso de nostalgia muitas vezes é um reflexo da insatisfação com o presente, por outro lado a amnésia ou negligência com o passado também pode significar uma omissão quanto a responsabilidade de atos que não surtiram o efeito desejado.

E quando se age sabendo que o êxito é improvável?

Negar esse conhecimento é vital, a sociedade cultua os sucessos, somos muito duros com os nossos erros, ainda mais se são cometidos de forma consciente, assumir um fracasso já é por si só muito difícil.

Assumir que agimos de forma independente, alheios a vontades externas, mesmo sabendo que o resultado ao mesmo tempo seria previsível e negativo é para poucos.

O futuro é incerto, olho para as linhas que se desenham e tento imaginar um roteiro otimista para o que segue, mas me parece que quem sempre espera menos sempre lucra mais.

Saber o que nos potencializa e ao mesmo tempo estar ciente das nossas limitações pode ser angustiante.

Pior que um ato assumidamente equivocado é a omissão de ação!

Vejo amigos, indo do inferno ao céu e vice-versa em um piscar de olhos, essa impermanência constante, para o bem ou para o mal, é que me mantém em riste.

Nessa seara conclui que nossos amigos não são nossos reflexos, não andamos necessariamente com quem nos identificamos, andamos com quem nos faz felizes.

Ninguém quer ser amigo de um cachorro morto, discutia isso com meu pai há pouco tempo, sobre como é difícil enfiar o braço na lama para puxar um amigo, na hora em que os problemas se tornam públicos poucos querem se expor, ignorar é sempre o caminho mais fácil, as adversidades usualmente exterminam os nossos contatos, se o amigo em questão for um cabeça-dura então a própria camaradagem vira uma prova de fogo.

“Desse mal a gente não sofre, afundamos juntos, ainda que discorde de muita coisa, ainda que ele nem de longe tenha sido o amigo que eu fui pra ele, não me sentiria bem comigo mesmo abandonando ele agora, vou dizer isso a ele amanhã no almoço.” Me disse meu pai.

Eu acredito na recíproca.

Tenho muito orgulho da minha família, tanto a biológica quanto a que eu escolhi.

Prolongar o erro é o que nos consome!

domingo, 17 de outubro de 2010

Os ventos do norte não movem moinhos.

Interessante observar os parâmetros que cada indivíduo elege como fundamentais na formação do grupo social que integra.

Me pego olhando para minha própria mão e tento enxergar através dela, numa espécie de visão apreciativa que transpassasse a pele e a carne e me permitisse constatar se realmente o essencial é invisível aos olhos.

Impossível de se responder com certeza, prefiro acreditar que sim, mas vivemos em uma realidade onde é a casca que importa.

Não quero afirmar que os meus valores devam servir de paradigma para os demais, não acredito em julgamentos perfeitos, cada cabeça é um mundo, mas esse excessivo culto a forma em determinadas situações me parece completamente irracional, possivelmente porque utilizo de princípios avaliativos completamente díspares dos que hoje são mais comuns.

Quando porventura faço uma autocrítica e avalio o que foi feito de errado para que como em um exercício evolutivo, reconhecendo os meus próprios erros eu possa ascender como ser humano, eis que muitas vezes me apercebo em uma espécie de circulo vicioso e volto a cometer os mesmos deslizes de antes, ainda que sob outra aparência.

Afinal o que realmente importa? Nessas horas me bate aquela sensação de estar tecendo a teia de Penélope.

Nessas horas, tendo como combustível a insônia, a única vontade que tenho é a de pegar meu travesseiro e ir deitar na areia da praia apenas para olhar o mar e ficar entorpecido com o vento frio que sopra neste momento.

"Somente o silêncio é grande, o resto é fraqueza" - Alfred de Vigny.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

No country for old man

É medo ou a coragem que nos move? Não me lembro onde li isso.

Conversando com um amigo, cuja companhia me foi privada por conta da distancia, me dei conta que ele agora trilhava uma estrada que eu conhecia muito bem e da qual não sinto falta alguma, não guardo sequer lembranças, apenas a experiência adquirida para não tornar a passar por ela.

O olhar frio e crítico de quem enxerga de fora permite um viés sistemático da situação, mas tenho uma dificuldade crônica em tentar explicar o que me parece óbvio, no entanto isso não foi necessário.

Lembro-me do tempo em que houveram bifurcações erradas por demais no meu caminho e como já fui intransigente comigo mesmo, mas quem não consegue se lembrar do que fez na noite anterior não pode ser tão pertinaz.

E nessa sociedade onde os fracos não têm vez, um deslize, ou uma decisão demorada podem acarretar prejuízos onerosos por demais, afinal, como já dizia o poeta, não dá pra esperar por uma crise para descobrir o que é importante em nossa vida.