quinta-feira, 6 de maio de 2010

Ensaio sobre a insônia.

Nada mais eloqüente que o silêncio da alvorada. As horas passam devagar, pensamentos e fantasmas abrolham e submergem na mesma velocidade.

Nesta longa madrugada me sinto um cadáver acordado, absolutamente apático ao ambiente que me cerca, nem melancólico nem amável, uma insensibilidade anormal, no máximo uma leve preocupação com minhas condições físicas ao despertar, haja vista a infeliz necessidade de cumprir horários.

Coço a barba mal-feita e enquanto aguardo a aurora me dou conta que nem sei que horas são, mas isso não me incomoda, em verdade sinto uma paz incomum, uma despreocupação rara, uma tranqüilidade que andava sumida.

Realizo então que me encontro numa ocasião peculiar que me permite um flerte com a racionalidade em seu estado bucólico. No momento nada parece me chatear, tempos que pressagiam transformações respeitáveis parecem iminentes, mas me sinto incapaz de sentir sequer um mínimo de expectativa, curioso isso.

Aguardo tranquilamente.

A paz - Gilberto Gil.

A paz
Invadiu o meu coração
De repente, me encheu de paz
Como se o vento de um tufão
Arrancasse meus pés do chão
Onde eu já não me enterro mais

A paz
Fez o mar da revolução
Invadir meu destino; a paz
Como aquela grande explosão
Uma bomba sobre o Japão
Fez nascer o Japão da paz
...

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