sexta-feira, 12 de março de 2010

É melhor viver como um monstro ou morrer como um homem bom?

A premissa acima é do filme “A ilha do medo”.

Por vezes a realidade é tão dura que construir uma ilusão é a única forma de aplacar nossos demônios internos. Tenho retornado tanto ao tema da teatralidade do cotidiano social, que ao mesmo tempo em que começo a me tornar repetitivo percebo quão tênue é a linha que separa o real do virtual.

Talvez a loucura e a senilidade sejam fugas eficazes, e começo a sentir certa inveja daqueles que são alheios ao caos urbano, uma espécie de retorno a inocência ou ainda uma imunidade a apatia que nos cerca. Muitos certamente preferem esquecer um passado cheio de desgostos, talvez seja melhor mesmo.

Acho que a vida pode nos endurecer, mas tenho receio de que o amadurecimento me torne uma pessoa amarga, já fui idealista, hoje sou um pessimista e sinto que desde que comecei a morar sozinho me tornei um pouco misantropo e mais ensimesmado.

A pessoa amarga é um resmungão por natureza, difícil de agradar, a angústia o transmutou em um ser desesperançoso. Intuo que esse tipo de pessoa caduca mais rapidamente, como se fosse algum descanso para a alma.

Quiçá por isso me sinta atraído por pessoas espontâneas, com muita vitalidade, nada melhor que a transparência. Sejam grossas, sejam meigas, mas que sejam elas mesmas, isso é o que importa. Só tem algo a esconder quem valoriza o segredo, afinal quem tem medo da verdade? O que machuca mais? A verdade propriamente dita ou ter que escondê-la?

Patrícias de Santo Antônio de Aracaju – Tiago Carvalho

Provincianas... De uma boçalidade morna.
Naturalmente sensíveis ao interesse.
Caças níqueis!
Pobres moças aracajuanas....

Poema de um amigo meu.

Sempre achei engraçado demais esse culto a imagem tão típica de cidades pequenas, tão suscetíveis as opiniões alheias. Um dia desses rolava de rir ao ler um site sobre “noticias” de Aracaju, se é que saber da vida dos outros pode ser considerado notícia, o pseudojornalista mal sabia escrever, além dos erros crassos de português fazia uma mistura insana e desarticulada de com termos em inglês. E ele é um dentre muitos.

Mas pior que isso é a quantidade de pessoas que valorizam esse tipo de exposição, que sentem um prazer quase que carnal ao ver seu nome em uma nota de jornal, se a nota vier acompanhada de uma foto então se corre o sério risco de se atingir o êxtase.

Sinto pena mesmo, acho de uma pobreza de espírito inacreditável, fico pensando de que forma elas tentam preencher aquelas cabeças ocas, de quanta futilidade e massagem no ego algumas pessoas precisam pra viver, se isto as faz felizes, paciência a mim resta apenas observar e me deliciar.

Fico lembrando de quantas vezes fiquei disperso sentado em um banco de ônibus a ponto de passar da parada, eventualmente com um ar preocupado, ocasionalmente com um sorriso bobo no rosto, certamente algum passageiro já deve ter tido a certeza de estar viajando ao lado de algum tipo de idiota.

Mas quem se importa?

"Aquele que gosta de ser adulado é digno do adulador" Shakespeare.

Um comentário:

  1. Gostei, gostei, gostei!!!
    Concordo em gênero, número, grau e cor! kkkkkkkkk....
    Finalmente entrei aqui pra ler seu blog... só que como estou "demasiada" atrasada, ainda falta muito o que ler pra me atualizar disso aqui...
    Apareçoo!! =)

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