quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Crônica sobre a morte anunciada de um caixeiro viajante.

Diálogos de aeroporto...

A amiga reclama da saturação de estar a tanto tempo fora de casa, da falta que sente da família, das facilidades que sua terra natal lhe proporciona, me diz que está tateando os seus limites, que por vontade própria encerraria esse ciclo mas que está perto demais do desfecho para desistir agora.

Começou a falar tão veementemente sobre o assunto que esqueci como chegamos a ele.

“São quase quatro anos Diogo, é tempo demais”.

Fiquei sem saber o que responder, em outra circunstancias teria discorrido sobre o que seria tempo demais, da inexistência de prazos ideais, da relativização da distancia, enfim uma infinidade de coisas.

O olho dela me disse que não era a hora pra esse tipo de contra-argumentação.

Aeroportos são microcosmos.

Desde que fui morar fora e virei adepto das pontes aéreas, me dei conta que encontros casuais nos aeroportos não são frutos do mero acaso, são sempre as mesmas pessoas, é quase como morar em uma cidade pequena.

Antigos camaradas, colegas de meus pais, amigos que trabalham no setor aéreo,conhecidos de vista, estão todos lá, são as mesmas pessoas.

É como se eu resolvesse morar em Aquidabã, claro que isso é uma metáfora.

Ano passado, entre feriados, casamentos e aniversários, em um espaço de três meses estive cinco vezes em Aracaju.

Como dou preferência ao mesmo vôo, da ultima vez tive a impressão que a Aeromoça olhou para mim com um ar de “Já lhe vi em algum lugar”.

Santos Dumont, Guarulhos, Congonhas, Santa Maria, Zumbi dos Palmares, parecem salas do mesmo edifício.

Inclusive, detesto fazer hora em aeroporto, prefiro correr o risco e embarcar logo depois do check-in.

Mesmo programas triviais, como uma semana santa, um carnaval, exigem uma programação, seja pra Maceió, Recife, Salvador, etc... Estou longe do grosso dos meus amigos.

Um ano e meio fora de casa.

Quanto tempo é demais?

2 comentários:

  1. As vezes me faço essa mesma pergunta... 1 ano fora de casa e bem longe de casa... tempo demais? De menos?? Ainda não tenho a resposta... um dia a vida me responde. Acho que na hora que for tempo demais, a gente vai saber!
    Beijos

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